Ministro recusa comentar mas diz que errar "faz parte da natureza humana"

O ministro do Trabalho e da Solidariedade Social, Vieira da Silva, escusou-se hoje a comentar a decisão da Justiça portuguesa de entregar uma menina russa à mãe biológica, mas sublinhou que errar "faz parte da natureza humana".
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Para Vieira da Silva, a retirada ou entrega de uma criança aos pais é um assunto "de tal maneira crítico para a vida de uma pessoa que deve ser um poder devidamente preparado para o fazer, como o judicial, a fazê-lo".

"Se se cometem erros ou não? Bom, isso aí já faz parte da natureza humana", acrescentou.

Defendeu que as instituições que acompanham os menores em Portugal devem trabalhar para que "cada vez mais" as informações que fazem chegar aos tribunais sejam "o mais detalhadas possível", para ajudar o juiz a tomar a melhor decisão.

"Isto sabendo sempre que são situações de enorme complexidade e gravidade, e que não é de uma forma ligeira que se decide se o futuro de uma criança é com esta ou com aquela família", disse ainda.

A menina russa, de seis anos e filha de uma imigrante, estava à guarda de uma família de Barcelos há quatro anos, mas uma decisão do Tribunal da Relação de Guimarães, confirmada pelo Supremo Tribunal de Justiça, determinou a sua entrega à mãe.

O pai, ucraniano, vive actualmente em Espanha.

A criança, que fala apenas português, passou a viver com a mãe e a avó numa cidade russa, a 350 quilómetros de Moscovo.

O ministro Vieira da Silva escusou-se a comentar esta decisão judicial, mas reafirmou que viu "com muita preocupação e com muito incómodo" as imagens transmitidas pelas televisões que mostram a menina a levar palmadas da mãe biológica.

"Como muitos portugueses, vi as cenas que se passaram relativamente ao aparente comportamento violento da mãe da criança, já em território russo. Vi isso com muita preocupação e com muito incómodo", afirmou.

O governante falava em Valença, à margem da cerimónia de lançamento da primeira pedra de um equipamento social constituído por creche, lar de idosos e serviço de apoio domiciliário, que significará um investimento de 3,6 milhões de euros.

Da responsabilidade da delegação local da Cruz Vermelha Portuguesa, o equipamento estará pronto dentro de três anos e terá capacidade para 60 idosos e 66 bebés e para dar apoio domiciliário a mais 60 pessoas.

Terá a forma de cruz e dará emprego a 60 funcionários.

Vai nascer num terreno com 8 000 metros quadrados, doado à Cruz Vermelha por um casal de idosos de Valença.

O investimento será comparticipado em 70 por cento pelo Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais (PARES), do Ministério da Segurança Social, sendo a fatia restante assegurada pela Câmara de Valença e pela Cruz Vermelha.

Vieira da Silva sublinhou que o PARES significa 200 milhões de euros de investimento público, repartidos por cerca de 600 equipamentos que totalizam mais de mil valências.

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